A opinião de Ana Rita Ferreira – militante da JSD
Bem, esta é uma questão que parece ser difícil, mas à qual (quase) todo o pessoal docente tem resposta sem precisar de pensar muito: sim!
Os professores contactam diariamente com, pelo menos, uma turma (no caso do pré-escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico), ou seja, contactam no mínimo com 20 alunos. Esses 20 alunos contactam com as suas famílias. Nas suas famílias têm irmãos que contactam com os colegas de turma e os pais que contactam com colegas de trabalho.
Portanto, são imensas as cadeias de transmissão que existem dentro de uma sala de aula. Basta um aluno da turma estar infetado com a COVID-19 que toda a turma é testada e fica em isolamento e em vigilância, incluindo o professor.
É inevitável os professores terem contacto próximo com os alunos. Foquemo-nos em dois exemplos: Como é que os alunos do 1.º ano aprendem a escrever os diferentes grafemas sem a ajuda próxima do professor? Ou então, nos alunos referenciados com Necessidades Educativas Especiais que precisam de acompanhamento muito próximo.
Mas, a Drª Graça Freitas parece não ter noção do que é a escola e afirmou recentemente que os professores não podem ser considerados como prioritários na vacinação, pois na escola o risco de contágio é “muito reduzido”. Ou seja, a Drª Graça acredita que na escola as crianças não infetam ninguém, é quase como se a escola fosse uma bolha em que o vírus não entra. Mas não! O problema é mesmo esse.
A realidade das escolas não é a melhor. O pessoal docente e não docente passa os dias a chamar a atenção dos alunos para que coloquem corretamente as máscaras. Mas, chegado o momento de sair da escola, qual não é o espanto dos demais ao ver que alunos do ensino secundário se juntam em grupos, sem máscara. Logo que saem do portão da escola, muitos alunos retiram as máscaras e fingem que está tudo bem e que não há um vírus a circular.
Todos temos conhecimento de escolas que têm turmas completas em isolamento e outras com parte dos alunos em isolamento por terem contactos de risco. E os professores lá estão, a trabalhar como podem, da melhor forma que conseguem: em regime misto.
Já Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação, decidiu dar o ar de sua graça (uma vez que tem andado desaparecido) em declarações à Lusa afirmando que “o custo de encerramento das escolas é superior ao risco” e, daqui, entende-se que a preocupação do Governo não são os professores e muito menos a sua saúde. Mas sim os custos de ter de encerrar as escolas e o facto de ter que assumir que o Governo falhou redondamente, quando no final da primeira vaga, António Costa, afirmou que tudo ia ser feito para que este ano letivo fosse possível assegurar o ensino não presencial para todos os alunos. É mais fácil afirmar e fazer acreditar que o risco de contaminação é reduzido.