Opinião de Ana Peixoto – militante da JSD
Com o novo confinamento geral, os cabeleireiros e esteticistas voltam a fechar portas, cuja duração se prevê ser de um mês. Uma medida que não agradou aos profissionais da área, que esperam enfrentar novas dificuldades, sem ainda recuperar totalmente das do confinamento anterior.
Para a maioria dos profissionais que ganham em função dos clientes que atendem, já se sabe que serão tempos de voltar a fazer contas à vida, já que existem várias despesas fixas que se mantêm, mesmo com a porta fechada.
No que toca a este segundo confinamento, não se compreende a vasta lista de exceções, nomeadamente quando falamos de situações que implicam ajuntamentos de pessoas e de dezenas de estabelecimentos abertos que não se mostram verdadeiramente essenciais para o dia-a-dia dos cidadãos.
Os estabelecimentos de produtos cosméticos e de higiene podem estar abertos e porque não podem funcionar os estabelecimentos de prestação de serviços de beleza e estética? Os estabelecimentos de lavagem e limpeza a seco de têxteis podem funcionar e porque é que os estabelecimentos de lavagem e arranjo de cabelos têm que estar encerrados? Os serviços públicos funcionam apenas por marcação e porque não podem as esteticistas e cabeleireiros fazer o mesmo?
Aliás, já o fazem, porque desde o confinamento anterior que este tipo de estabelecimento funciona apenas por marcação, limitando o número de clientes no seu interior. Além disso, foram adotadas várias medidas de proteção, nomeadamente a colocação de acrílicos, a higienização e limitação dos espaços, materiais e equipamentos e a disponibilização de gel desinfetante, que exigiram grande investimento por parte dos profissionais, mesmo em dificuldades, acreditando que o negócio iria melhorar. No meio de tantas limitações, será que estão à espera que os profissionais desta área prestem os cuidados de beleza e estética por teletrabalho? Não, com certeza!
Será que todos os profissionais devem abrir os seus negócios no interior dos aeroportos? Não, com certeza! Esperava-se que no controlo desta pandemia existisse um esforço conjunto e equitativo por parte dos vários setores económicos, mas acabamos por assistir a uma maior penalização em determinados setores.
Convém frisar que não existem provas que os espaços de cuidados pessoais contribuam para a propagação da Covid-19, o que existe é a evidente quebra de faturação, a perda de empregos e empresas em risco. Numa altura em que o isolamento tem influenciado negativamente a saúde mental e a autoestima dos portugueses, é sabido que os cuidados com a imagem podem melhorar estes índices.
Por isso, cumprindo as regras, os portugueses poderiam frequentar e usufruir de cuidados de estética e beleza? Sim, com certeza!