Artigo de Ana Margarida R. Teixeira – Farmacêutica
Teletrabalho, umas das palavras que mais sobressaiu nestes últimos meses, e que é entendida como a nova forma de trabalhar nos dias mais preocupantes da existência da humanidade. Trabalhar a partir de casa através de um dispositivo eletrónico.
Mas será uma forma de trabalho assim tão nova que invadiu os nossos dias ou será apenas o passo que faltava a uma sociedade conservadora, como a nossa, e sempre com medo de dar o próximo passo? Pois, muito provavelmente será a pressão e o estigma social que leva a que muitos não tomem esta decisão por iniciativa própria.
Em Portugal, estima-se que 1 094 400 pessoas no segundo trimestre, quase 25% do total da população empregada esteve em teletrabalho. Assim, podemos verificar que o teletrabalho permitiu-nos, nestes tempos difíceis, que diversos postos de trabalho fossem mantidos de forma segura, nomeadamente com a diminuição dos contactos de risco.
Para além da facilidade de continuar a trabalhar remotamente no conforto da nossa casa, outras vantagens como a adaptação de horários de forma mais conveniente, a poupança de tempo e dinheiro anteriormente gastos em deslocações até ao local de trabalho e a maior privacidade levam a que aumente a motivação dos trabalhadores.
Contudo nem sempre é fácil manter a motivação em tempos de crise e de incerteza constante. Assim, é de notar alguns problemas que ainda precisam de ser trabalhados e adaptados, referidos muitas vezes: incompatibilidade com trabalhos domésticos e filhos pequenos em casa, falta de comunicação em algumas equipas e alguma falta de controlo do próprio podem aumentar o stress e causar um desequilíbrio na nossa rotina quotidiana.
Para manter o foco é essencial manter “alguma rotina” dentro da nova rotina, nomeadamente, o horário de trabalho, o planeamento e as reuniões, agora adaptadas para via Zoom ou outra plataforma para manter o contacto com todos os membros da equipa de trabalho. É também necessário manter a calma e a compreensão para se alguma coisa não correr como esperado.
As conversas com os nossos amigos, mesmo que estas sejam, por chamada telefónica, WhatsApp, Messenger não devem ser descoradas porque são uma via de socialização atual que nos permite, muitas vezes, sair de algum tipo de problema ou evitar outros. Para além disso, realizar outras atividades como o desporto em casa é essencial para manter a saúde mental.
Este pode ser realizado mesmo em família e há diversas plataformas que o permitem fazer a partir de casa. Temos por exemplo, a plataforma PTfit do Paulo Teixeira, ou a do Nuno Neves ou ainda os planos de treino semanais gratuitos com vídeos no Youtube da Pamela Reif. Para quem já frequenta o ginásio, imensos passaram a ter disponível o apoio online e por isso é possível continuar a receber as aulas do personal trainer de forma segura.
Existem pessoas que mesmo assim não se conseguem adaptar a esta nova forma de encarar os dias e se há coisa que esta Pandemia nos ensinou é que temos de repensar as nossas ações e a nossa forma de viver, e com isto a nossa forma de trabalho está incluída.
É tudo uma questão de equilíbrio. Por isso é essencial, a meu ver, que a entidade patronal invista tempo a pensar na forma de proporcionar a melhor qualidade de trabalho aos seus colaboradores e, se este se sentir mais confortável em teletrabalho (se a profissão o permitir) que contribua para mudar o estigma para com as pessoas que trabalham a partir de casa.
Se este se sentir mais saudável em alternar o trabalho presencial com o teletrabalho, que este seja permitido. No final, o importante é estarmos todos bem, saudáveis e felizes com o trabalho a que nos propomos realizado da melhor maneira possível. Afinal, a capacidade de adaptação sempre foi a lei da resistência!