Opinião de Rafaela Silva
Juventude Social-Democrata de Lousada
Vivemos tempos difíceis, de angústia, de medo, o que afeta a nossa saúde mental. Em pleno séc. XXI a saúde mental é abordada como um tema tabu, infelizmente.
Vejamos, quantas campanhas vemos publicitadas para promover a saúde mental? Muito poucas, e insuficientes na minha ótica. Isto é visível quando comparamos com outras campanhas, como por exemplo para incentivo da prática de exercício físico, de uma alimentação saudável, tudo para ter um corpo “são”. Mas para isto é importante que a nossa saúde mental esteja “sã”. Em boa verdade sabemos que o exercício físico, uma alimentação saudável e o não consumo de substâncias ilícitas estão inteiramente ligadas com uma boa saúde mental e na prevenção das mesmas. Na minha opinião, estas campanhas não focam o conceito da saúde mental e a respetiva importância na prevenção das mesmas.
Temos que ter presente que ao longo da nossa vida todos nós podemos ser afetados por problemas de saúde mental, com maior ou menor gravidade. Isto pode acontecer em diversas fases das nossas vidas como por exemplo, na entrada para escola, na adolescência, na menopausa, no envelhecimento, ou até acontecimentos ou dificuldades que nos vão surgindo, como a perda de alguém próximo, o fim de uma relação, etc.
Está na altura de quebrar o tabu que existe em torno da saúde mental. As pessoas afetadas por estes problemas de saúde mental são muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas e muitas vezes são vítimas de violência, isto acontece porque existem falsos conceitos que temos que esclarecer e desmitificar, como por exemplo, as doenças mentais são fruto da imaginação; que as pessoas com problemas mentais são preguiçosas, imprevisíveis, perigosas, e dotadas de pouca inteligência, etc. O tratamento tem que ser procurado, quanto mais cedo o diagnóstico mais eficaz será o tratamento. Porém todos nós, perante uma pessoa com problemas de foro mental devemos ajudar, a não estigmatizar; dar apoio; ajudar na reabilitação e integração.
As pessoas afetadas por problemas de saúde mental são cidadãos de pleno direito e nunca deverão ser excluídas do resto da sociedade, mas sim apoiados e integrados, quer a nível familiar, escolar, laboral e na comunidade.
A família é um fator importantíssimo nos cuidados e na reabilitação destas pessoas.
A escola tem um papel fundamental para promover a integração das crianças com este tipo de perturbações no ensino regular, para as mesmas não se sentirem excluídas. A nível laboral deveriam existir mais oportunidades de trabalho para as pessoas portadoras de doença mental.
Atualmente vivemos os dois lados da moeda, se de um lado, as medidas como o distanciamento físico, a quarentena e o isolamento são importantes para proteger a nossa saúde física, por outro lado, dá origem a uma séria ameaça para a nossa saúde mental. Como o surgimento de stress, ansiedade, o medo, a raiva, a insónia, a angústia. Isto traz como consequência o aumento de situações de risco, como o consumo excessivo de álcool e drogas, os estados depressivos, a violência doméstica ou ainda as tentativas de suicídio. São vários os fatores associados à pandemia da Covid-19 que podem contribuir para tal vulnerabilidade psicológica.
O stress pode surgir com o medo de contrair a doença, mas existem ainda mais causas, como por exemplo as dificuldades económicas que decorrem com o aumento do desemprego.
Outro ponto fulcral é a saúde mental dos jovens nos dias de hoje.
A adolescência é a fase que nos molda para a vida adulta. É nesta fase em que os jovens desenvolvem hábitos sociais e emocionais. Um dos fatores importantes para a saúde mental dos jovens é a qualidade de vida que têm em casa, desde pais severos, bullying, a problemas socioeconómicos que são reconhecidos como riscos à saúde mental.
Os jovens com problemas de saúde mental são, particularmente, mais frágeis à exclusão social, discriminação, estigma que afeta a prontidão em procurar ajuda.
Atualmente, o jovem tem que tomar decisões importantes e precocemente. Mas, nós jovens não apresentamos habilidades desenvolvidas em determinados campos e muito menos experiência que seja compatível com a pressão que nos é exercida, o que resulta em frustrações e medos que podem durar a vida toda.
Os problemas de saúde mental são cada vez mais frequentes, e “atacam” qualquer faixa etária, que traz como consequência a elevada incapacidade e morte prematura. É extremamente necessário investir na promoção da saúde mental e na prevenção das doenças mentais, sendo que muito pode ser feito neste aspeto. É importante apostar em campanhas em que o foco seja a saúde mental em geral e que se abordem estratégias muito específicas.
Para isto acontecer temos que baixar os nossos egos obesos e começarmos a ajudar-nos mutuamente. Não podemos avançar neste campo enquanto os preconceitos, os estigmas e a ideias erradas dominarem as nossas mentes.
Para um corpo são temos de ter uma mente sã!